Desde o dia 10 de julho de 2025, Guarulhos não conta mais com hospitais veterinários públicos gratuitos. As unidades localizadas no Centro e no bairro dos Pimentas encerraram os atendimentos após a Prefeitura romper o contrato firmado com a organização gestora, encerrando o modelo implantado no final de 2024.
O encerramento ocorreu de forma gradual. A unidade do Centro suspendeu as cirurgias eletivas no final de maio, mantendo apenas atendimentos de emergência. A medida teria sido motivada por atrasos no pagamento à organização contratada, situação que impactou diretamente a operação dos serviços nas semanas seguintes.
A decisão da Prefeitura foi justificada por supostas irregularidades contratuais identificadas por órgãos de controle, ainda não detalhadas oficialmente. A administração atual afirma que a rescisão visou proteger o interesse público e garantir maior qualidade nos serviços futuros.
Unidades passaram a cobrar por atendimentos
Após o encerramento do contrato, as unidades passaram a ser operadas por uma nova instituição em regime de transição, que adotou a cobrança por consultas e procedimentos, com valores populares a partir de R$ 26. A medida, entretanto, não agradou a parte da população, que dependia exclusivamente do modelo gratuito para atendimento de seus animais.
Em poucos dias, a nova operação também foi interrompida após ação de fiscalização da Prefeitura. Alegando ausência de documentação necessária, fiscais interditaram os espaços e interromperam o atendimento. Em resposta, profissionais chegaram a prestar suporte veterinário na calçada em frente à unidade, o que chamou atenção da imprensa e provocou forte reação nas redes sociais.
Prefeitura anuncia nova rede veterinária, mas sem prazos
Em meio à repercussão negativa, o prefeito Lucas Sanches anunciou que serão criados dois novos hospitais veterinários públicos com atendimento 24 horas, incluindo consultas, internações, exames e cirurgias. A promessa é manter os mesmos recursos orçamentários destinados ao modelo anterior, com expectativa de melhoria na infraestrutura e no alcance populacional.
Apesar do anúncio, ainda não há cronograma oficial para a inauguração das novas unidades. Também não foram divulgados os bairros que serão contemplados, nem os responsáveis pela futura gestão. O cenário de indefinição preocupa protetores de animais e entidades da causa animal, que temem um vácuo prolongado nos atendimentos.
Medidas emergenciais paliativas não suprem demanda
Como solução temporária, a Prefeitura instalou uma clínica móvel veterinária — o Castramóvel — na Praça Getúlio Vargas, no Centro. O veículo oferece atendimento de urgência gratuito, de segunda a sexta-feira, em parceria com uma organização da sociedade civil. A medida foi anunciada como forma de mitigar os impactos da interrupção dos hospitais fixos.
Apesar da iniciativa, o serviço móvel tem capacidade limitada, não realiza cirurgias complexas nem oferece estrutura para internações ou exames mais detalhados. Além disso, a troca repentina de equipamentos e a ausência de comunicação clara sobre horários e critérios de atendimento têm gerado críticas e insegurança entre os usuários.
População e entidades se mobilizam por retomada
O encerramento dos serviços gratuitos provocou mobilização de tutores, ativistas da causa animal e políticos locais. A antiga gestão, responsável pela implantação dos hospitais, lançou uma campanha online pedindo a reativação dos serviços públicos até que as novas unidades sejam entregues. Petições virtuais também foram criadas por protetores independentes e ONGs.
Para muitos tutores, os hospitais representavam a única alternativa viável de cuidado veterinário. Sem condições de arcar com custos privados, grande parte da população teme que seus animais fiquem desassistidos por tempo indeterminado. Veterinários da rede anterior relatam aumento nos pedidos de ajuda voluntária e número crescente de casos urgentes não atendidos.
Incertezas e cobrança por transparência
Entidades ligadas à proteção animal têm cobrado da Prefeitura mais transparência na condução da transição, especialmente sobre os motivos do encerramento do contrato anterior e o planejamento das futuras unidades. Até o momento, não foram divulgados relatórios públicos sobre a auditoria contratual nem sobre a estrutura prevista para os novos hospitais.
Enquanto isso, Guarulhos permanece sem uma rede pública estruturada para atendimento veterinário, situação que afeta não apenas tutores e protetores, mas também o controle de zoonoses e o bem-estar animal de forma mais ampla. A continuidade das políticas públicas na área segue como ponto sensível da gestão municipal.