O corte de caudas
Aspectos históricos e culturais
Comum a muitas raças, a prática de cortar caudas é uma tradição. Criadores há muito tempo desenvolvem seus plantéis com a prática da amputação da cauda nas raças onde esta prática se aplica. Entretanto, não fosse a estética preconizada pelo padrão oficial, não haveria, nos dias de hoje, nenhuma outra razão para a perpetuação da amputação de caudas em raças como o Dobermann, Rottweiler, Boxer, Schnauzer, Yorkshire, Poodle, Cocker Spaniel, entre diversas outras menos conhecidas e populares.
Toda raça foi desenvolvida para algum tipo de auxílio ao trabalho do homem. Eram cães que ajudavam o homem em minas de carvão, na caça, na guarda, ou mesmo para diversão destes em esportes como rinha entre animais. A fim de evitar que o cão tivesse sua cauda mutilada no desempenho deste trabalho, esses homens, nos primórdios, optaram por amputar as caudas para proteção de seus animais.
Mudanças na percepção da prática
Ao longo dos tempos, e com a urbanização dos homens e seus cães, a utilidade de se cortar as caudas destes cães de trabalho perdeu todo o seu caráter de proteção e passou a contribuir para a estética física dos cães, lhes conferindo aspecto de nobreza e beleza exótica. A mutilação pelo trabalho tornou-se cada vez mais distante e pouco provável de acontecer, exceção feita às rinhas entre cães, que embora atualmente proibidas em muitos países, são praticadas na clandestinidade, infelizmente.
Movimentos de proteção animal
Com o tempo, grupos de protecionistas resolveram defender a proposta de não mais se cortarem caudas e orelhas. Primeiro vieram os alemães, onde grupos endinheirados financiaram a proibição da amputação de orelhas e somente conseguiram a aprovação dos políticos em 1998. Logo, estenderam a campanha para o corte de caudas e disseminaram a proposta de não mais se amputar caudas e orelhas por toda a Europa, sendo a Suécia o primeiro país em adotar a proibição e logo em seguida a Suíça, Dinamarca, Finlândia, Noruega, República Tcheca e Holanda. Curiosamente, a maior cinofilia do mundo, a Inglesa, não acatou a decisão e os cães nascidos ingleses continuam tendo suas caudas e orelhas amputadas. A FCI - Federação Cinológica Internacional estendeu a decisão de não cortar caudas e orelhas para seus 79 países membros e no Brasil, esta prática já se faz presente em clubes especializados como a APRO - Associação Paulista do Rottweiler. É um novo desafio para os criadores encontrar a melhor condição de porte de cauda e adaptar a harmonia do conjunto estrutural do cão à dinâmica da cauda.
Considerações sobre a dor e o procedimento
É importante salientar que esta iniciativa partiu de grupos protecionistas e não dos criadores, onde a manutenção de caudas amputadas é defendida por vários clubes de raças. Do ponto de vista de dor e risco, há quem diga que na idade que se amputa a cauda de um filhote, a partir do 3º dia de vida e até o 8º dia no máximo, não há grandes síndromes dolorosas para o animal, até mesmo porque o tempo de cirurgia não dura mais que trinta segundos e não existe praticamente perda de sangue e muitas vezes não se usa nem anestesia. O ideal é que o filhote, quanto mais novo estiver, mais precocemente seja amputada a cauda.
Após o 8º e 9º dia a cauda íntegra já interfere no equilíbrio do filhote. É quando o filhote já utiliza sua cauda para ajudá-lo a movimentar-se, servindo como extensão de seu meridiano de gravidade e contrapeso para ensaiar os primeiros passos sobre as quatro patas. A partir desta idade, o filhote também sente mais dor ao corte pela condição da cauda estar bem mais grossa, irrigada (hemodinamicamente), e com um certo desenvolvimento ósseo articular.
De certo é que este procedimento cirúrgico é puramente estético nos dias de hoje e dispensável se ao remodelar-se os padrões de beleza, optar-se para as raças com caudas íntegras.
Esta página é de responsabilidade de Marcello Alonso.
Criador e Proprietário do Canil Lord Manske - www.lordmanske.com.br
Diretor Regional - Sociedade Brasileira de Cinofilia
Sobraci - Ala Litoral - Juiz de raças.
Fone: (013) 3426-8390 - canil@lordmanske.com.br
Veja também
Vacinação contra a raiva
A vacinação contra a raiva é essencial para a saúde de cães e gatos, prevenindo a transmissão da doença e garantindo a segurança dos animais.
Vacinação contra raiva
A vacinação contra raiva é essencial para a saúde de cães e gatos, prevenindo a transmissão da doença e garantindo a segurança dos animais.
Traqueobronquite infecciosa canina: risco aos cães aumenta nos meses mais frios do ano
A traqueobronquite infecciosa canina, conhecida como tosse dos canis, é mais comum nos meses frios. Vacinação é essencial para prevenção.
Cães e gatos ficam mais vulneráveis a parasitas e vermes no verão
Cães e gatos estão mais vulneráveis a parasitas e vermes no verão. Cuidados e tratamentos são essenciais para a saúde dos animais.